desaforismos (segunda temporada): 5

foto | stephan zirwes

 

 

50. a não-ficção é uma ficção.

51. não há jornais no paraíso.

52. é desfaçatez dizer que alguém foi surpreendido pela morte. é da natureza dos vivos não esperarem por ela, mas bobagem dos sobreviventes supor que ela não vem.

53. uma vida nunca cabe nas páginas de um livro, mas isso jamais impediu um biógrafo de escrever.

54. há pessoas que passam tempo demais ocupadas em viver.

55. deus é um crápula autoritário que não admite réplicas. é claro que existe. chama-se pai.

56. deus é o invasor.

57. escritores, a corporação dos mentirosos compulsivos.

58. deus, cujo pseudônimo é shakespeare, importa-se bem pouco com atos humanos, mas desenha-os de forma refinada mesmo assim.

59. toda conquista tem um componente de silêncio desesperado.

 

Publicado por

paulopaniago

digo não

2 comentários em “desaforismos (segunda temporada): 5”

  1. “escritores, a corporação dos mentirosos compulsivos.”… além de mentiroso, há algo de louco no escritor?
    foucault diz que “por trás de todo escritor esconde-se a sombra do louco que o sustenta, o domina e o recobre”.
    é isso mesmo, senhor escritor?
    beijo.

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    1. parece que o foucault sabia das coisas, né? haha. certo, a sombra do louco. confere, acho. escrever para não enlouquecer, na verdade. escrever em vez de enlouquecer, por aí. beijo.

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