implacável feito a realidade

 

 

desconfiado da existência concreta das coisas ao redor, ou , como diriam alguns teóricos, desconfiado da própria capacidade mental de processar a realidade, ele se sentou num banco público — embora desconfiado do banco, do lugar, ou, que seja, de si — para descansar, refletir e talvez tomar uma atitude.

“e se eu for apenas um personagem na narrativa de alguém?”, cogitou, como um dia cada um dos humanos deve ter suposto a mesma coisa. “pelo menos eu podia ser bonito, charmoso, seguro de mim.” porque as narrativas, pensou consigo, podem tudo. inclusive fazê-lo feio, desengonçado, com baixa autoestima. a realidade é seca e bruta como agosto em brasília.

 

Publicado por

paulopaniago

digo não

5 comentários em “implacável feito a realidade”

  1. adoro este tema. muitas vezes tenho a sensação de ser personagem de alguém ou de mim mesma, que sou narradora, personagem e leitora ao mesmo tempo. mas acho que se eu fosse personagem de mim mesma, seria diferente… um dia encontro o autor da minha narrativa e teremos uma conversa séria. haha! haja terapia. beijo.

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