havia um escritor e diante dele uma história iniciada, da qual ele não fazia parte, nem como personagem, nem como narrador. apenas a mão agia, na continuidade do cérebro, deslizando a caneta sobre papel, um bloquinho pautado cinza. a história, parece, envolve um cão vadio e a indecidibilidade de continuar. ele apoia o cotovelo na mesa, a cabeça na mão, dá um suspiro e parece sem vontade de suspirar, um suspiro cansado, boçal. a história não avançará sozinha, é notório. precisa da mão, das façanhas do cérebro, esse melindroso. ora a mão desliza a toda, ora hesita, a caneta parada no ar seco da tarde, como se fungasse em redor para dali extrair a essência. não sei para aonde esta história vai, o escritor redige, a caneta aflita a desenhar palavras ditadas pelo cérebro. e pouco tempo depois, começa outra, em que registra: havia um escritor e diante dele uma história iniciada. os ciclos e espirais de giambattista vico, ele pensa e talvez, no fim da outra história, registre por escrito. então se pergunta para aonde vão as ideias não aproveitadas nas narrativas, mas não sabe a resposta.
olá.
dizer que estou encantada com seus escritos não dá conta. então só digo que me obriguei a parar de ler porque preciso mesmo ir dormir, mas eu volto.
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oi, ssrodrigues (perdão, não sei os nomes por trás das primeiras letras do nome). fico feliz por você ter gostado e por saber que pretende voltar. abraço.
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