
Queria um dia criar uma imagem tão boa como aquela de Thomas Wolfe, que ao descrever o azul de uns olhos disse haver neles um tipo de névoa, um ar marinho remoto, “olhos de um marujo da Nova Inglaterra após vários meses navegando para a China em um veleiro, como se algo tivesse neles mergulhado e se afogado”. Algo, não necessariamente alguém, é talvez daí que provém a força dessa imagem. Para isso também servem os escritores: prestar atenção ao que ninguém está olhando e estabelecer algumas pontes, tornando-as finalmente visíveis com um golpe de mão. Então, sim, achei que, se não tive sucesso, pelo menos ao fazer aqui esta análise cheguei perto.
“Há no seu olhar algo de saudade/de um tempo ou lugar na eternidade”, já dizia Gilberto Gil.
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Pois é, ele também tem esses acertos de metáforas.
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