é preciso encontrar o seu ponto neste mundo, ele me disse. é disso que se trata, no fim das contas, de ter um lugar onde você se sinta confortável, onde possa ficar à vontade. todo mundo quer preencher as lacunas.
entendo, eu disse. e realmente achava que o estava entendendo. passei mais da metade da minha vida sentindo-me exilado dentro do meu próprio país, um expatriado que temia sobretudo os domingos, quando a zona de desconforto aumenta.
ele prosseguiu: tem gente que passa a vida inteira à procura disso, pode ser um trabalho, mulher, família, amigos ou tudo junto, um ponto de referência e apoio que o ajude a se sentir equilibrado. a maioria das pessoas, mesmo sem saber, procura instintivamente por isso. a sensação de pertencimento. uma matemática cuja conta não é tão simples de fechar.
eu não podia concordar mais com aquele cara, e continuei concordando, mesmo quando me afastei do espelho.