pensei que fosse japonês. cheguei a escrever carta em ideogramas, cheia de hai-kais a respeito de cerejeiras em flor, folha que flutua, lua refletida na poça. plantei um bonsai, planejei um hara-kiri, que não tive a honra e sagacidade de cumprir.
o que me deu a verdadeira dimensão: não sou japonês. não escrevo ideogramas, não sei a métrica do hai-kai, nunca nem vi uma cerejeira em flor, só em foto, não sei como adubar um bonsai…
ainda penso em hara-kiri. não da maneira dramática de um japonês, abrindo a barriga com uma espada, padrinho ao lado prestes a me partir o pescoço com uma espada caso eu não consiga manter a boca fechada, devo ter sido nipônico em alguma encarnação passada…