todos sorriem

ilustração | raphaëlle martin
ilustração | raphaëlle martin

 

 

havia um misto de felicidade reprimida e expansiva, mas de qualquer ângulo que se olhasse ou percebesse ou mesmo analisasse o que se via era felicidade. não a falsa, de comercial, fingida, atuada, mas autêntica, aberta, ampla, alargando-se em ondas e se espalhando com um tipo de contaminação bem-vinda. não parecia insuflada por artifícios como drogas, lícitas ou não, nem por demandas programadas, mas pela própria natureza das dinâmicas humanas. a alegria, ele pensou, a onda de sorrisos e disposição para cima vem de não pensar muito a respeito. de modo que despiu-se ele também dos pensamentos, bem como das roupas, e entrou na confusão dos corpos que se movimentavam.