ele me mostrou a pequena garrafinha de vidro, tapada com rolha, vazia. o que é isso?, perguntei. minha alma, ele disse. ela é essa garrafinha?, quis esclarecer, meio estupefato. não, idiota, ela está aí dentro. mas está vazia, insisti. não, idiota, ele riu de novo. minha alma está aí. você não enxerga porque tem essa sua doença realista que te aflige. está certo, admiti, sem exatamente concordar. sempre fui um realista feroz, defeito de formação, admito. quer dizer que sua alma está engarrafada. e qual o sentido disso? ah, ele suspirou, sei lá. meu corpo estava precisando de umas folgas, resolvi deixar minha alma à parte por uns dias. por uns dias, repeti. por uns dias. quantos dias, exatamente? e com que propósito? mas então ele desconversou e não quis me prestar esclarecimentos de jeito algum.
que narrativa sublime! lindo! aprendendo muito aqui! eu tenho como defeito de formação minha sujeição à pontuação, às normas gramaticais… chega a me dar nojo! rs
abraço!
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obrigado pelos elogios, aurea. abraço.
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gostei muito deste texto, risos. neste momento minha alma está na garrafinha.
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anda aprontando por aí, dona karla?
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duas opções de respostas:
– fazendo todos os dias ímpares!
– mas enfim ela desconversou e não quis me prestar esclarecimentos de jeito algum… hahahaha
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republicou isso em reblogador.
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paulo, gostei demais da sua escrita! me ganhou e agora estarei sempre por aqui. abraço,
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que ótimo, roseli. obrigado. abraço.
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gostei tanto desse texto… mas ficou uma dúvida: como faz para limpar a garrafinha quando junta poeira?
existe espanador de pó para a alma?
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uh! ainda não inventaram, mas alguém podia ter essa ideia. álcool às vezes ajuda, embebido em algum outro líquido ou puro e normalmente envasado. formato cerveja, uísque e variantes. não chega a ser espanador, mas faz as vezes, às vezes.
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