1
o que tinha de contenção financeira compensava com sobra na generosidade do coração, que repartia com qualquer uma que lhe solicitasse um pedaço.
daria inteiro, se pudesse, mas a primeira que o ocupou tinha feito tal estrago que sobraram apenas cacos.
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2
pagou caro para conquistar o coração refinado da donzela, ao fogo e audácia que ela teria preferido ele contrapôs paciência e contenção.
nem só vingança se beneficia de espera. quando a teve, ela tinha capitulado inteiramente.
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3
o ingresso para o baile de carnaval do seu coração era barato; a música, alta; a diversão, garantida.
mas ela disse que preferia um tango.
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4
ela tinha um coração no qual brigavam o desatino e a imprudência, na intenção de fazerem-na ir mais rápido à ruína. acontece que o cavalheiro que calhou de ser seu par era amável, respeitável e gentil.
ela se fez de rogada?
fugiu com um cafajeste na primeira ocasião, rumo à ruína para a qual havia se programado.
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5
ele tinha olhos e braços de rei, cujo alcance é sempre maior do que se supõe. ela, fome de leoa e manhas de gata.
entre eles, o ringue do coração.
quando anunciaram as apostas, achei por bem me abster.
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6
cautela, recomendei, mas sabia que não seria considerado. os ouvidos estavam próximos demais do coração para ouvir qualquer outra coisa que não o pulsar.
aquela mulher o destroçou em tantos pedacinhos que quando terminou não tinha mais coração e estava surdo.
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7
foram tantos os desatinos e descompassos, coração que insiste no contratempo. ainda bem, ele concluiu, não queria nada convencional.
por isso o sorriso que porta na pose para a foto.
desaforos 